Ultimamente tenho estado às voltas com a grafologia, que alem de ser o mais novo ramo do conhecimento ao qual me dedico, é a ciência da escrita, que, entre outras coisas, visa obter o conhecimento da personalidade de uma pessoa através de sua letra. Para os grafólogos, cada letra é uma parte de nós.
Foi quando me deparei com um estudo sobre o torá essa semana, que é o livro sagrado do judaísmo, e em hebraico significa lei.
Enfim, o Torá diz, em certa parte de suas escrituras, que nosso destino já está traçado dentro do livro da vida, e que no final vamos receber nossas bênçãos e castigos de acordo com seuas leis.
Nesse exato momento minha mente não pode deixar de fazer um paralelo entre a religião e a ciência, e imaginar que no livro da vida, somos apenas letras, separadas por virgulas e pontos, e que de certa maneira, não fazemos sentidos para nós mesmos, e sim para alguma ocasional divindade que nos lê de fora, assimila o texto todo e diz se gostou ou não. Se nossa vida for realmente uma comédia, espero que seja um leitor bem humorado.
Enfim, a idéia de ser tratado como uma letra me entreteu, e, ao falar de amor através dela, espero que faça o mesmo com vocês.
Escreve a mim amado
Escreve amor sem parágrafo.
Desenha a linha que era minha
Põe o ponto final no que eu tinha.
Escreve a máscula letra maiúscula
Apaga a minha vida minúscula.
Pegue as folhas, rasgue todas elas
Feche o livro e vá para suas donzelas.
Escreva sem floreios,
Esqueça minhas crenças e meus devaneios.
Eu sou uma literatura fina
E você era uma leitura indigna.
E como você tinha mitos contos
Então estou aqui colocando todos os pontos.
Não quero uma vida ambígua, seus contos não são um pretexto
Mas não vou colocar uma vírgula em pleno fim do meu texto
Então te coloco um ponto final,
E renuncio a todo amor carnal.
E entrando num casulo de borboleta
Ponho um mudo vestido só de letras
E, desfilando num silencio abafado,
Me dispo, me despeço, me despedaço.
Gabriel Pahbst.