Eu sou aquele que não acredita mais em principes encantados,
Sou aquele que os abriu, os cheirou, e não gostou de seus odores amargos.
Eu sou aquele que não visita mais seus castelos encantados,
Aquele que não mais frequenta seus tijolos, como seu sorriso,
Amarelados.
Sou o mesmo que não mais se ofusca com suas lindas armaduras.
Posto que o tempo me tem feito contemplar, com olhos tristes,
Imundas feridas cruas.
Sou aquele, senhores, que por tras de titulos de nobreza,
Já provou toda sorte de sua vil baixeza.
Aquele que não é mais seduzido por sangue azul e corpos quentes,
O mesmo em que a realidade da vida entrou fria e vermelha pela mente.
Aquele que viu todos os encontros regados por suas qualidades
Pontuados por um leve adeus de efemeridade.
Sim, aquele que coberto de visceras vorazes,
Reza para que seu reino seja coberto por estabilidade.
Sou aquele que por diversas vezes abriu as portas para invasões barbaras
Sou o que agora assiste o seu reino de escolhas tragicas.
Sou, no fim, um rei que para si cavou um tumulo chamado "dever"
E que, consternado, vê em seu fundo a inscrição:
"PRAZER".
Gabriel Pabst